domingo, 26 de abril de 2009

Notícias sobre o evento: -veja o que saiu na imprensa:
"Por iniciativa do festejado escritor Sr. Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma "Semana de Arte Moderna", em que tomarão parte os artistas que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas."
O fato despertou a curiosidade de vários paulistanos. Veja abaixo um panfleto:
THEATRO MUNICIPAL
1º GRANDE FESTIVAL
13 de fevereiro
Conferência de Graça Aranha: "A emoção estética da Arte moderna"
Música por Ermani Braga, Participação: Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Villa-Lobos.
2º GRANDE FESTIVAL
15 de fevereiro
Palestra de Menotti del Picchia, ilustrada com poesias.
Solos de piano por Guiomar Novaes.
Participação: Oswald de Andrade, Luís Aranha, Tácita de Almeida, entre outros...
3º GRANDE FESTIVAL
17 de fevereiro
Concurso de Villa-Lobos
Canto e piano por Maria Emma e Lúcia Villa-Lobos.
Participação: Ronald de Carvalho, Paulina d'Ámbrósio, Ermani Braga, Pedro Vieira, Antão Soares, Fructuoso de Lima Vianna.
Camarotes e frisas 186$00 Cadeiras e balcões: 20$300



Dia 13
Foi aberto com a conferência de abertura de Graça Aranha, intitulada 'A Emoção Estética na Arte Moderna'. Veja abaixo:
'Para muito de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de "horrores". Aquele Gênio suplicado, aquele homem amarelo, aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida se não são jogos da fantasia de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado o vosso espanto. Outros horrores vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta coleção de disparantes, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do Passado.'
A conferência de Graça Aranha não chegou a causar espanto, ao contrário da música de Ermani Braga, que fazia uma crítica a Chopin - o que levaria a pianista Guiomar Novaes a protestar publicamente contra os organizadores da semana. A noite prosseguiu com a conferência 'A Pintura e a Escultura Moderna do Brasil', de Ronald Carvalho, três solos de piano de Ermani Braga e três daças africanas de Villa-Lobos.

Dia 15
Anunciava como grande atração a pianista Guiomar Novaes, que, apesar do protesto, compareceu e se apresentou. Houve conferência de Menotti del Picchia sobre arte e estética, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Plínio Salgado. O público se manifestava com miados e latidos.
Mas a grande atração foi mesmo quando Ronald Carvalho lê 'Os Sapos', de Manoela Bandeira, numa crítica aberta ao modelo parnasiano, o público faz coro, ironizando o refrão 'foi! Não foi! Foi!' Veja abaixo:

Enfunando os sapos, saem da penumbra, Aos pulos, os saposA luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Borra o sapo-boi: Meu pai foi à guerra! Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro Parnasiano aguado, Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O meu verso é bomFrumento sem joioFaço rimas comConsoantes de apoio. Vai por cinqüenta anosQue lhes dei a forma: Reduzi sem danos
A formas e a forma.Clame a sapariaEm críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas...
Urra o sapo-boi:- Meu pai foi rei! - Foi! - Não foi! - Foi! - Não foi!Brada era um assomoO sapo tanoeiroA grande arte é como lavor de joalheiro Outros, sapos-pipas(Um mal cabe em si) Falam pelas tripas- Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita, Lá onde mais densaA noite infinitaVerte a sombra imensaLá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundoE solitário, é Que soluças tu, Transido de frioSapo-cururuDa beira do rio..."

Dia 17
Realizou-se o terceiro e último grande festival, com apresentação de músicas de Villa-Lobos. O público já não lotava o teatro e comportava-se mais respeitosamente. Exceto quando o maestro Villa-Lobos entra em cena de casaca e... chinelos; o público interpreta a atitude como futurista e vaia. Mais tarde o maestro explicaria que não se tratava de futurismo e sim de um calo arruinado...

Repercussão na Imprensa

Veja o que os jornais diziam sobre o evento, nesse fragmento retirado de um dos mais conceituados da época:
'Ao público chocado diante da nova música tocada na Semana, como diante dos quadros expostos e dos poemas sem rima... Sons sucessivos, sem nexo, estão fora da arte musical: são ruídos, são estrondos... são disparates como tantos e tão cabeludos que nesta semana conseguiram desopilar os nervos do público paulista, que raramente ri a bandeira despregada.'

Resultados
Apesar das vaias e da dura crítica da imprensa nossas artes jamais foram as mesmas. Logo em seguida é lançada a revista Klaxon, porta-voz das idéias modernistas, herdeiros da Semana de 1922.

sábado, 25 de abril de 2009



Abaporu

Abaporu (do tupi-guarani aba e poru, "homem que come") é um quadro em óleo sobre tela, pintado em 1928 como presente de aniversário do escritor Oswald de Andrade, seu marido na época.
Hoje ela é a tela brasileira mais valorizada no mundo, tendo alcançado o valor de US$ 1,5 milhão, pago pelo colecionador argentino Eduardo Costantini em 1995. Encontra-se exposta no Museu de Arte Latino americano de Buenos Aires (MALBA).
Tarsila de Amaral valorizou o trabalho braçal (corpo grande) e desvalorizou o trabalho mental (cabeça pequena) na obra, pois era o trabalho braçal que tinha maior importância na época.
A composição - um homem, o Sol e um cacto - inspirou Oswald de Andrade a escrever o Manifesto Antropófago e criar o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Movimento Antropofágico

O Movimento Antropofágico, de 1928, liderado por Oswald de Andrade é uma resposta às questões colocadas pela Semana de Arte Moderna de 1922. Para ele, a renovação da arte nasceria a partir da retomada dos valores indígenas, da liberação do instinto e da valorização da inocência. O Movimento Antropofágico é um desdobramento mais radical do Pau Brasil e uma retomada do Movimento Tropicalista, da década de 1960. O objetivo de Oswald era a de “uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores europeus, a fim de superar a civilização patriarcal e capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os seus recalques impostos, no plano psicológico” (Antonio Candido). -A Semana de 22 marcou uma revolução no modo de ver e pensar o Brasil. Na verdade a idéia era por fim a maneira de falar difícil e não dizer nada, ou seja, eliminar o velho da vida intelectual brasileira. “A língua sem arcaísmos, sem erudição. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos” (Oswald de Andrade).-O manifesto antropofágico colocou em questão o capitalismo do terceiro mundo: a dependência. Denunciou o bacharelismo das camadas cultas que copiavam os países capitalistas hegemônicos. Após a Revolução de 30, o autor radicaliza e passa a defender uma arte social.
Obras de Tarsila do Amaral
A Negra - Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.

Cuca - Tarsila pintou este quadro no começo de 1924 e escreveu à sua filha dizendo que estava fazendo uns quadros "bem brasileiros", e a descreveu como "um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado". Este quadro é também considerado um prenúncio da Antropofagia na obra de Tarsila e foi doado por ela ao Museu de Grenoble na França.

Religião Brasileira - Certa vez Tarsila chegou de viagem da Europa, desembarcou no porto de Santos e foi comprar doces caseiros em uma casinha bem simples de pescadores. Ao entrar observou um pequeno altar com vários santinhos, enfeitados por vasinhos e flores de papel crepom. Achou aquilo tão pitoresco e pintou esta maravilhosa tela.

O Ovo ou Urutu - Nesta tela temos símbolos muito importantes da Antropofagia. A cobra grande é um bicho que assusta e tem um poder de "deglutição". A partir daí, o ovo é uma gênese, o nascimento de algo novo e esta era a proposta da Antropofagia. Esta tela pertence ao importante acervo de Gilberto Chateaubriand e está sempre sendo exibida em grandes exposições.

Carnaval em Madureira - Tarsila veio de Paris e passou o carnaval de 1924 no Rio de Janeiro. É curioso ver que ela colocou a famosa Torre Eiffel no meio da favela carioca.











Aqui estão mais algumas das suas obras:


A Família- 1925

Vendedor de Frutas - 1925

quarta-feira, 22 de abril de 2009


Tarsila do Amaral

Nasceu em 1º de setembro de 1886, em Capivari (São Paulo), no casarão da fazenda São Bernardo. De tradicional e rica família de fazendeiros paulistas, filha de Lydia Dias do Amaral e José Estanislau do Amaral Filho, Tarsila estudou em São Paulo, no tradicional colégio Sion, e depois, em 1902, no colégio Sacré-Couer, em Barcelona.
Em 1904, fez sua primeira viagem a Paris, cidade que seria fundamental na sua formação artística. Voltou ao Brasil em 1906 e se casou com André Teixeira Pinto, primo de sua mãe, com quem teve sua única filha, Dulce. Algum tempo depois seu casamento acabou devido ciume do marido.
Em 1923 casou-se com Oswald de Andrade. Ainda em 1923, pintou o quadro "A Negra", que se aproximava do cubismo e era considerada a primeira manifestação do que viria a ser o movimento Pau-Brasil.
Em 1928, Tarsila pintou aquela que se tornaria sua mais conhecida obra, "Abaporu". A tela, um presente para o seu então marido, foi entregue na data de aniversário de Oswald, 11 de janeiro, ainda sem nome. Extasiado com a beleza da tela, Oswald chamou seu amigo modernista Raul Bopp e, folheando um dicionário de Tupi de Tarsila, encontraram o nome que batizou a tela e que significa "o homem que come carne". O quadro, mais próximo do surrealismo, é considerado um emblema do movimento antropofágico brasileiro.
O casamento com Oswald terminaria em 1930, quando ela descobriu que ele a traía com Patrícia Galvão, a feminista Pagú. Depois, se casou com um médico que a iniciou nas hostes do Partido Comunista -Tarsila chegou a passar um mês na cadeia por ter feito uma viagem à Rússia. Por último, Tarsila casou-se com um jovem crítico de arte, 20 anos mais novo que ela.
No fim da vida, acometida por um câncer e presa à uma cadeira de rodas por problemas na coluna, mantinha-se entretida estudando grego antigo e recitando poesias. Morreu, por complicações do câncer, em 17 de janeiro de 1973 e foi enterrada de vestido branco, como era seu desejo.
Villa-Lobos
Nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de março de 1887. Perdeu o pai ainda jovem e, por causa disso, sua mãe, dona Noêmia, teve de trabalhar duro para sustentar a família. Durante sua mocidade, Villa-Lobos conheceu e tornou-se grande amigo do pianista polonês Arthur Rubinstein.
Como dona Noêmia não abria mão de ver seu filho no curso de medicina, Villa-Lobos acabou se matriculando no curso de preparação para o exame vestibular de medicina.Porém, o jovem, acompanhado da sabedoria que seus 16 anos de vida lhe garantiam, não queria aquela história para sua vida.
Viajou pelo Brasil se apresentando como músico e teve um contato cada vez mais intenso com o folclore brasileiro. É nesse período que compôs "Amazonas" e "Uirapuru".
Em 1945, Villa-Lobos, criou, no Rio, a Academia Brasileira de Música e foi seu primeiro presidente. Dois anos depois, é convidado para ir aos EUA, afim de escrever, junto com os libretistas Forrest e Wright, a opereta Magdalena. Morreu em 17 de novembro de 1959, no Rio, vítima de uma crise de uremia viria.


Oswald de Andrade

José Oswald de Souza Andrade nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890 e morreu em 22 de outubro de 1954, também em São Paulo.
Em 1920, fundou o jornal "Papel e Tinta". Oswald foi, junto de Mário de Andrade, um dos principais responsáveis pela Semana de Arte Moderna de 22, ano em que publicou "Os Condenados" (de a "Trilogia do Exílio").
O movimento Pau Brasil se deu em 1924 e o Movimento Antropofágico em 1928. Ambos tiveram a divulgação do programa estético feito por Oswald. Filiou-se ao PCB, em 1930, após a revolução, e rompeu com o mesmo em 1945. Continuou.
Oswald foi panfletário, polemista, crítico, ensaísta, romancista, contista e poeta e foi também, sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais desconcertantes da literatura brasileira.

Menotti Del Picchia

Paulo Menotti Del Picchia nasceu em São Paulo em 20 de março de 1892. Foi agricultor em Itapira, no interior de São Paulo, advogado, editor, industrial, banqueiro, deputado estadual e federal, chefe do Ministério Público do Estado de São Paulo, jornalista, poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo e primeiro diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado de São Paulo.
Em 1913, formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Nesse mesmo ano, lançou seu livro de estréia, "Poemas do Vício e da Virtude".
Colaborou assiduamente com o "Diário da Noite",onde por muitos anos manteve uma seção diária sob o pseudônimo de Hélios, seção que ele criara, em 1922, no "Correio Paulistano", através da qual divulgou as notícias do Movimento Modernista.
Junto a Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros, foi um dos líderes do movimento, participando da Semana de Arte Moderna de 1922, época em que já era considerado um poeta de prestígio.
Menotti foi eleito em 1º de abril de 1943 para a cadeira 28 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Xavier Marques. Foi recebido na ABL, em 20 de dezembro de 1943, pelo acadêmico e amigo Cassiano Ricardo.

Mário de Andrade

Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo em 9 de outubro de 1893, e morreu, também em São Paulo, a 25 de fevereiro de 1945.
Estreou na literatura em 1917 com o livro "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema". Cinco anos mais tarde, em 1922, viria à luz sua primeira obra modernista, "Paulicéia Desvairada". É também neste ano que Mário teria uma participação fundamental na Semana de Arte Moderna, sendo considerado um de seus mentores.
Mário entrou numa fase de nacionalismo estético e pitoresco, com aproveitamento da etnografia e do folclore.É também nesse período que ele produz sua obra máxima, "Macunaíma".
Depois disso, colaborou na organização do modelar Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, do qual foi o primeiro diretor, em 1934.



Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu em 19 de abril de 1886, em Recife.À procura de um bom clima, andou em diversas partes e passou um ano em Clavadel, na Suíça. Ao regressar, estreou na literatura com "A Cinza das Horas", em 1917. Em 1922, integrou-se ao grupo que fez a Semana de Arte Moderna. Dois anos depois, em "Ritmo Dissoluto", passou a praticar a nova estética em sua poesia. Em 1930, escreveu "Libertinagem". Em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Manuel Bandeira morreu em 13 de outubro de 1968, no Rio. Ele foi um dos maiores renovadores da poesia brasileira, influenciando seus contemporâneos e as gerações seguintes.

Graça Aranha

José Pereira da Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868, em São Luís, no Maranhão, filho do jornalista Temístocles da Silva Maciel Aranha e de Maria da Glória da Graça.
De família rica e culta, com apenas 13 anos já havia terminado os estudos primário e secundário e foi para o Recife estudar direito. Formou-se em 1886 e viajou para o Sul do país, onde se dedicou à advocacia, ao magistério e à magistratura. Em 1900, entrou para o Itamarati e seguiu carreira diplomática por 20 anos. Nesse período, fora do Brasil, em missões diplomáticas por diversos países, acompanharia os rumos da arte moderna. Depois de se aposentar como diplomata, regressou ao Brasil, em 1921.Graça Aranha ficou encarregado de inaugurar a Semana de Arte Moderna com a conferência "A Emoção Estética na Arte Moderna". Iniciou-se, então, uma fase agitada nos círculos literários do país. Graça Aranha morreu no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1931, deixando incompleta a autobiografia "O Meu Próprio Romance".


Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque nasceu no Rio de Janeiro em 6 de Setembro de 1987. Começou sua carreira artística em 1914, quando publicou ilustrações na revista "Fon-Fon".
Morou em Paris entre 1922 e 1925.Retornou ao Brasil em 1925 e passou a colaborar para revistas. Durante a década de 40, colaborou com os jornais do Grupo Folha com as colunas "Informações da Noite" e "Artes Plásticas: Resenha Semanal". Di foi caricaturista, poeta, memorialista, desenhista, gravador, designer, muralista, grande pintor social e um trabalhador obstinado. Também era um grande contador de histórias e um emérito boêmio.
Esse paradoxo se reflete em sua arte com sua representação da sensualidade da mulata brasileira e, por outro lado, o constante uso das fortes temáticas sociais. Essa mistura de sentimentos dá a sua arte a representação de um substrato de alegria que é carregado de tristeza e tem a feição do caráter tipicamente brasileiro.

Anita Malfati

Nascida em São Paulo em 2 de dezembro de 1889, Anita Malfatti era filha de imigrantes. O pai, Samuel, italiano naturalizado brasileiro, era engenheiro e trabalhou em estradas de ferro e na construção civil. A mãe, Eleonora Elizabeth, era norte-americana, poliglota, pintava e desenhava. Exerceria enorme influência na formação da filha.Anita sofria de uma atrofia congênita na mão direita e, aos 3 anos, foi levada para a terra natal do pai em busca de tratamento médico, sem sucesso, mesmo assim, aprendeu a escrever, desenhar e pintar só com a mão esquerda.Voltou para o Brasil em 1913 e, dois anos depois, foi para os Estados Unidos. Em 1914, realiza sua primeira exposição individual, em São Paulo. Voltou novamente ao país, em 1916. A Anita que surge destas viagens e contatos com as artes destes países é a que abrirá o caminho para o modernismo brasileiro.
Noites da Semana de Arte Moderna
Na primeira noite, o programa previa, a conferência de Graça Aranha, A Emoção Estética na Arte Moderna, ilustrada musicalmente por Ernâni Braga e literariamente por Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, mais peças de Villa-Lobos, e, na segunda, palestra de Ronald, A Pintura e a Escultura Moderna do Brasil, com peças musicais de Braga. No dia seguinte, o Correio Paulistano, tribuna do colunista pró-modernismo Hélios, pseudônimo de Menotti del Picchia, estampava: "Feriu-se a primeira batalha da Artes Nova. Não houve mortos nem feridos. Acabou num triunfo".No segundo festival, o programa abria com uma conferência de Menotti sobre os ideais das novas gerações paulistas, seguindo-se textos de Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Sérgio Milliet e Luís Aranha.

Na última noite, foi uma noite musical, dedicada a Villa-Lobos. Uma nota publicada no jornal O Estado de S. Paulo esclarecia: "Só houve música e não é contra esta que nos revoltamos". Com o fim da Semana, como consequencia o modernismo passou a fazer parte do cotidiano.

~>Antecedentes
Alguns eventos que motivaram a realização da Semana de 1922, foram:

-1912. Oswald de Andrade retorna da Europa, impregnado do Futurismo de Marinetti, e afirmando que “estamos atrasados cinqüenta anos em cultura, chafurdados ainda em pleno Parnasianismo”.
-1913. Lasar Segall, pintor lituano, realiza “a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país”, nas palavras de Mário de Andrade.
-1914. Primeira exposição de pintura de Anita Malfatti, que retorna da Europa trazendo influências pós-impressionistas.
-1917.Publicação de Há uma gota de sangue em cada poema; livro de poemas de Mário de Andrade,
-1917.O músico francês Darius Milhaud, que vive no Rio de Janeiro e entusiasma-se com maxixe, samba e os chorinhos de Ernesto Nazareth, se encontra com Villa-Lobos. O então jovem compositor, já impressionado com a descoberta de Stravinski, entra em contato com a moderna música francesa.
-1917.Segunda exposição de Anita Malfatti, exibindo quadros expressionistas, criticados com dureza por Monteiro Lobato.
-1919. Publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira, já com versos livres.
-1921. Banquete no palácio do Trianon, em homenagem ao lançamento de As máscaras, de Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade faz um discurso, afirmando a chegada da revolução modernista em nosso país.
-1921.Mostra de desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da Meia-noite”.
-1921.Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o Modernismo, em revistas e jornais.

Origens da Semana de Arte Moderna


As repercursoes dos motimentos de vangarda foram decisivas para desencadear a revolução cultural e artística que marcou o início do Modernismo no Brasil, e que teve como evento mais importante a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922.O grupo organizador constituiu uma das mais brilhantes gerações da nossa literatura foram: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho.Em 1917, Anita Malfati récem chegada da Alemanha,expos seus quadros concebidos de tendencia expressionista.Mais do que a reção do publico, o impacto da exposição talvez devesse ser atribuido ao artigo publicado contra ela pelo escritor Monteiro Lobato. Adepto da pintura tradicional, condenou o Expressionismo.